A prevalência da esquizofrenia situa-se ao redor de 1% da população em termos tanto globais quanto brasileiros. Aproximadamente 10% dos indivíduos que possuem esquizofrenia falecem por suicídio.
A maneira mais eficiente de se reduzir o risco de suicídio nessas pessoas (assim como em outros transtornos mentais) é o tratamento correto do transtorno de base. Por isso, a seguir, apresentaremos informações que facilitam o manejo clínico. Boa leitura!
Diagnóstico:
- Delírios;
- Alucinações;
- Discurso desorganizado;
- Comportamento desorganizado;
- Sintomas negativos (embotamento afetivo, diminuição da vontade, alogia, hipoedonia);
- Perda de capacidade laboral/acadêmica/social.
Definições
Delírios: uma falsa crença baseada em uma inferência incorreta acerca da realidade externa, firmemente mantida, apesar do que todas as outras pessoas acreditam e apesar de provas ou evidências incontestes em contrário. Esta crença não é compreensível por uma diferença de concepção religiosa ou cultural.
Alucinações: uma percepção sensorial que apresenta a sensação de realidade de uma verdadeira percepção, mas que ocorre sem estimulação externa do órgão sensorial em questão.
Esquizofrenia refratária: paciente com diagnóstico de esquizofrenia que fez uso em dose e por tempo corretos de pelo menos três diferentes antipsicóticos, sendo pelo menos um deles um atípico, sem resposta clínica significativa.
Dicas gerais de manejo:
A) Tratamento multidisciplinar – o tratamento farmacológico é fundamental na esquizofrenia, mas de maneira nenhuma dispensa outros tratamentos concomitantes, como a terapia ocupacional ou a psicoterapia.
B) Momentos de maior risco de suicídio para o paciente que padece de esquizofrenia:
1. No período intercrise, quando percebe e não elabora toda a limitação e o prejuízo que a doença acarretou à sua vida.
2. Durante a crise, quando, por exemplo, segue vozes de comando que mandam se matar.
3. No período logo após a alta de uma internação psiquiátrica.
C) Apesar do maior acesso a recursos terapêuticos, o prognóstico dos indivíduos que padecem de esquizofrenia não é melhor nos países desenvolvidos.
D) Quando um paciente não responde satisfatoriamente a um antipsicótico, o primeiro questionamento que devemos fazer é se o paciente está realmente tomando a medicação regularmente.
E) O histórico de reações e respostas aos antipsicóticos no passado é uma importante fonte para a escolha do fármaco atual.
F) Medicações de depósito podem ser usadas quando a questão da adesão é um fator muito limitante ao tratamento, desde que o paciente já tenha usado tal fármaco e reações adversas importantes não tenham aparecido.
G) Estudos em esquizofrenia refratária têm mostrado ganhos significativos de qualidade de vida quando clozapina é introduzida para tais pacientes.
H) A introdução dos antipsicóticos atípicos trouxe, basicamente, ganhos no tratamento dos sintomas negativos da esquizofrenia e um perfil de efeitos colaterais mais tolerável para a ampla maioria dos pacientes.
O clínico, na escolha de um antipsicótico, deve levar em conta ao menos quatro aspectos centrais:
1. Eficácia do fármaco nos sintomas positivos da esquizofrenia.
2. Eficácia do fármaco nos sintomas negativos da esquizofrenia.
3. Fármaco com perfil de efeitos colaterais mais adequado ao indivíduo em questão.
4. Custo do antipsicótico.
IMPORTANTE:
Duas situações extremas devem ser evitadas:
- Manter o paciente com antipsicótico cujo perfil de efeitos colaterais lhe restringe a qualidade de vida apenas porque este é mais barato;
- Introduzir um antipsicótico com preço muito superior aos mais antigos, com um ganho bem discreto ou até discutível para o paciente.
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Referência:
Prevenção do Suicídio Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental - Ministério da Saúde.