O que é o Transtorno Alimentar Evitativo/Restritivo com base nas características sensoriais dos alimentos?
Esse subtipo de transtorno é caracterizado pela recusa de alimentos com base em suas características sensoriais, como sabor, textura, temperatura ou cheiro. Com base nisso, a criança apresenta reações negativas ao experimentar certos alimentos, como fazer caretas, cuspir, limpar a boca, engasgar ou até vomitar. Após essas reações, ela tende a evitar completamente aquele alimento.
Quando os sinais desse transtorno costumam aparecer?
Geralmente, os sintomas surgem na introdução dos alimentos sólidos, especialmente durante o início da alimentação com papinhas ou alimentos da mesa (por volta do segundo ano de vida). Assim, em alguns casos, os sinais podem aparecer ainda mais cedo, quando há troca do leite materno por fórmula ou mudança entre diferentes fórmulas infantis.
Como se comportam crianças com aversão sensorial a alimentos?
Algumas crianças evitam apenas alguns alimentos, mas outras recusam quase tudo, comendo apenas uma variedade muito limitada. Somado a isso, podem até rejeitar um alimento preferido se ele tiver tocado em um alimento “temido” no prato, ou se não tiver sido preparado por um restaurante ou marca específica.
Quando essa seletividade alimentar se torna um transtorno clínico?
O diagnóstico de um transtorno alimentar é feito quando essa recusa alimentar leva a:
Quais os possíveis impactos no desenvolvimento da criança?
Essas crianças apresentam outras sensibilidades além da alimentar?
Sim. É comum que apresentem hipersensibilidade em outras áreas sensoriais, como:
Como diferenciar a aversão sensorial alimentar de uma recusa alimentar por oposição (birra)?
A recusa alimentar por oposição é comum em crianças pequenas (fase dos “terríveis dois anos”), quando elas tentam afirmar sua independência e controlar os pais. Nesses casos, a criança pode recusar um alimento e exigir outro, mas suas preferências costumam mudar com o humor ou a situação.
Já na aversão sensorial, a recusa é constante e previsível: a criança sempre evita os mesmos alimentos por causa de características como textura, cheiro ou gosto. Além disso, fica visivelmente angustiada quando os pais insistem para que ela coma algo que não tolera.
Como distinguir aversão sensorial de um transtorno alimentar por medo de consequências negativas?
O subtipo do transtorno alimentar evitativo/restritivo relacionado ao medo de consequências (segundo o DSM-5-TR) também conhecido como transtorno alimentar pós-traumático, segundo Chatoor é diferente da aversão sensorial. Nesse caso, a criança evita comer porque associa a alimentação com uma experiência traumática, como engasgo, dor ou vômito.
Ela pode recusar completamente alimentos sólidos ou a mamadeira, dependendo do que estiver ligado à lembrança traumática.
É possível que uma criança com aversão sensorial desenvolva um transtorno alimentar pós-traumático?
Sim, uma vez que algumas crianças com aversão sensorial podem passar por experiências tão negativas com certos alimentos (como engasgar ou vomitar) que desenvolvem medo de comer. Assim, isso pode piorar ainda mais se os pais insistirem de forma forçada para que ela consuma o alimento que causa essa reação. Nessas situações, a criança pode começar a evitar a alimentação de forma mais ampla, com receio de que o mesmo desconforto se repita.
Referência: BOLAND, Robert J.; VERDUIN, Marcia L. (Eds.). Kaplan & Sadock's Comprehensive Textbook of Psychiatry. 11. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2024.